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Mostrando postagens de 2025

**Porto dos Gaúchos – a cidade que nasceu desafiando a selva**

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Quem viveu cinco anos no norte de Mato Grosso, como eu, acaba desenvolvendo uma curiosidade quase irresistível por Porto dos Gaúchos. A cidade sempre me pareceu um mistério: como foi possível fundar, em pleno coração da Amazônia mato-grossense, um povoado nos anos 1950, décadas antes da BR-163 (Cuiabá-Santarém) ou de qualquer infraestrutura mínima de sobrevivência? A resposta chegou em forma de uma obra monumental: um livro de quase 400 páginas organizado por Henrique Meyer, filho do lendário colonizador Guilherme “Willy” Meyer (falecido em 1994). Com a ajuda dos irmãos Ingrid e Neac Arigbátsa, Henrique reuniu fotografias, recortes de jornais, boletins da empresa colonizadora e relatos de época para contar, em detalhes impressionantes, a saga dos pioneiros que transformaram a Gleba Arinos em uma das cidades mais antigas e simbólicas do norte matogrossense. Trata-se de uma experiência de colonização privada e visionária, rara no Brasil. Em 1955, partindo de Santa Rosa (RS), Willy Meyer ...

Joy

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O relógio da parede marcava quase quatro da manhã quando Gabriela, enfim, deixou-se cair sobre o banco de veludo encardido do camarim do Bataclan. O vestido de lantejoulas prateadas, que horas antes reluzia como um céu de estrelas, agora parecia pesado demais, como se carregasse o peso de todas as noites que ela já dançara ali. A maquiagem escorria em fios negros sob os olhos; o rouge, borrado, dava-lhe um ar de boneca abandonada. Nos pés, as sandálias de cetim estavam rasgadas na sola — ela nem se lembrava de quando acontecera. O corpo doía inteiro, das coxas queimando até a nuca, que parecia presa num torno. Os coronéis tinham sido generosos aquela noite, como sempre. Flores, champanhe, notas gordas enfiadas no decote com dedos trêmulos de desejo. O coronel Narciso, o mais velho e o mais apaixonado, ficara até o fim, sentado na primeira fila, os olhos vidrados nela como se fosse a última mulher do mundo. Quando o espetáculo terminou, ele subira ao palco mancando, o chapéu na mão, e...

Cuiabá Santarém, O início.

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Revista Manchete nº 1.045 – 29 de abril de 1972 Nas páginas centrais, a grande reportagem tinha um título épico: “Cuiabá-Santarém: a estrada que abre o coração do Brasil adentro”. Fotografias impactantes mostravam picadas brutais na mata fechada, pontes precárias lançadas sobre rios imensos, operários queimando em febre, devorados por mosquitos e pela malária. Com orgulho ufanista, a Manchete celebrava a inauguração oficial da BR-163 como o grande símbolo do milagre econômico e da “integração nacional”. Sob o subtítulo triunfal “Do Planalto Central ao Amazonas em linha reta”, o texto enaltecia a obra do governo Emílio Garrastazu Médici, prometendo progresso, povoamento e riqueza sem fim para a Amazônia. Meio século depois, folhear novamente aquelas páginas é revisitar o auge do sonho desenvolvimentista – e, ao mesmo tempo, antever o altíssimo custo ambiental, social e humano que a rodovia efetivamente cobraria nos anos seguintes.  

Um pioneirismo Sui-generis

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Texto inserido no Álbum do Cinquentenário de Joaçaba em 1967, com fotos e prints anteriores e posteriores a aquele ano. O Hospital São Roque, de Luzerna foi o pioneiro de nossa  região. De Pôrto União a Marcelino Ramos, representa a primeira construção hospitalar, de alvenaria, tendo sido iniciada em 7 de agôsto de 1938. Foi idealizado e construido por uma sociedade beneficiente da então localidade de Bom Retiro, do Cruzeiro, hoje Luzerna de Joaçaba, constituida de uma Diretoria leiga e provisória, nas pessoas dos Srs.: João Eduardo Hoffmann — Presidente  Guerino Dalcanalle — Secretario; Oscar Fuganti — Tesoureiro. Em 1939, a convite da referida Sociedade, vieram residir em Bom Retiro as Revmas. Irmãs de Caridade de São Vicente de Paula, as quais, todavia, somente fixaram residência definitiva no Hospital em 1940, ano em que ficaram concluidas as suas obras. Quatro foram, inicialmente, as Irmãs que, legítimas heroínas, abandonaram todo o confôrto da longinqua CONSTANTINOPLA pa...

A revolta da natureza.

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Infiltrações numa das mais conhecidas casas do mundo, a Falingwater, hoje transformada em museu, forçam uma ampla reforma, em bela homenagem à arquitetura. NÃO EXISTE, em todo o mundo, casa tão celebrada do ponto de vista arquitetônico quanto a Fallingwater, projetada pelo arquiteto americano Frank Lloyd Wright entre 1936 e 1937 para a familia de Edgar Kaufmann, dono de uma rede de lojas de departamentos. A casa da cascata está debruçada em cima de um córrego do município de Ste-wart, no estado da Pensilvânia. E a um só tempo prodígio de engenharia e estética - o casamento de pedras extraídas da vizinhança, concreto armado, aço e vidro com o verde da vegetação durante o verão e a brancura da neve nos meses de inverno. Hoje transformada em museu, visitada por mais de 5 milhões de pessoas nas últimas três décadas, é classificada como patrimônio da humanidade pela Unesco. Trata-se de exemplo bem acabado de uma escola de construção a que se deu o nome de Prairie, ou pradaria — de linhas re...

Flower Power

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  Ah, que delícia de cena straight from the late 60s! Vamos brincar de detetive visual e analisar essa imagem com um toque de humor e nostalgia, como se estivéssemos em um filme de road trip hippie. Imagina o cheiro de gasolina misturado com patchouli no ar… Vamos lá, peça por peça, como se fosse um quebra-cabeça psicodélico! 1. O Casal Aventuroso: Heróis do Asfalto Livre •  O cara na frente: Barba desgrenhada, cabelo ao vento (ou seria uma juba leonina?), jaqueta jeans que grita “sou rebelde porque nasci rebelde”. Ele parece o tipo que diria “Ei, baby, vamos fugir do sistema e viver de amor e rock’n’roll”. Provavelmente está pensando em como impressionar a garota enquanto pilota essa máquina vermelha. Nota mental: No final dos anos 60, barbas eram o novo bigode – sinal de liberdade ou preguiça de barbear? Você decide! •  A loira atrás: Cabelo voando como uma bandeira de paz no vento, blusa preta justa e saia verde curtinha (oi, minissaia revolucionária!). Ela está abraça...

Dura Lex, Sed Lex

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  Nem eu, nem você e nem Bolsonaro está acima da lei… Que pague pelo que fez. Podia ter pedido a todos os seus seguidores a ficar em casa naquela tarde de domingo, comendo pipoca e tomando um chimarrão. . Deu no que deu e que leia a Lei 14.197 (abaixo linkada) de 01 de Setembro de 2021, por ele mesmo Jair Messias Bolsonaro promulgada, além dos  arts. 360 a 370 da nossa  Constituição Federal para refletir com profundidade sobre o que fez. . Simples pra mim, pra você, os brasileiros em geral, principalmente pra ele. … E tenhamos todos um ótimo dia. “TÍTULO XII DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A SOBERANIA NACIONAL Atentado à soberania Art. 360.  Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país: I - empreendendo ação para ofender a integridade ou a independência nacional; ou II - executando ordem ou determinação de governo estrangeiro que ofenda ou exp...

Coisa de mafiosos

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  O presidente americano, Donald Trump, enviou carta ao presidente Lula da Silva para informar que pretende impor tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. Da confusão de exclamações, frases desconexas e argumentos esquizofrênicos na mensagem, depreende-se que Trump decidiu castigar o Brasil em razão dos processos movidos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado e também por causa de ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas que administram redes sociais tidas pelo STF como abrigos de golpistas. Trump, ademais, alega que o Brasil tem superávit comercial com os EUA e, portanto, prejudica os interesses americanos. Não há outra conclusão a se tirar dessa mixórdia: trata-se de coisa de mafiosos. Trump usa a ameaça de impor tarifas comerciais ao Brasil para obrigar o País a se render a suas absurdas exigências. Antes de mais nada, os EUA têm um robusto superávit comercial com o Brasil. Ou seja, Trump ...