O Cedro do outono




No descampado, onde o outono respira,  

O cedro se eleva, frondoso e quieto,  

Sua copa dourada, que o vento inspira,  

Guarda o segredo do verão desfeito.  


Os galhos, ainda banhados de luz,  

Estendem-se ao céu num último abraço,  

Enquanto o sol, que o horizonte conduz,  

Pinta de âmbar seu silencioso espaço.  


As folhas, em tons de ouro e rubi,  

Dançam leves, num ritmo de despedida,  

E o cedro, imóvel, parece dizer:  

"Tudo é passagem, tudo é vida."  


O crepúsculo chega, frio e sereno,  

E a sombra se alonga no chão deserto,  

Mas a árvore guarda, num brilho pequeno,  

A memória do dia já aberto.  


No descampado, o cedro permanece,  

Um gigante de outono, solene e calmo,  

Enquanto a noite, que lentamente adormece,  

Cobre o mundo num manto de alívio e de almíscar.  


E assim ele fica, entre o dia e a lua,  

Testemunha do tempo, do vento, da sorte,  

O cedro é poesia, é raiz, é rua,  

É outono que canta, é vida que importa.


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