O Caso do Anel Viário

Tenho mania de guardar “recuerdos”. Por vezes pastas organizadas; outras tantas, recortes de jornal. Via de regra, acomodo meus guardados em livros, na bíblia, nos amansa-burros, em qualquer lugar. Quando as discussões do que a comunidade vai pedir ao Raimundo Colombo, em sua visita oficial à SDR nas próximas semanas, evoluíram para a implantação do Anel Viário eu não me dei por achado: fui aos meus guardados. No plano de ação que ajudei a montar para a eleição do Raul Furlan pelo MDB, no primeiro mandato, na década de setenta, entre as muitas propostas estava lá o famigerado “Anel Viário”.
Fizemos a eleição. Ganhamos por uma margem mínima. Fizemos a gestão considerada boa. Não fizemos o “Anel Viário”. Perdemos a eleição para o finado Evandro que prometeu o “Anel Viário”. Ficou seis anos na prefeitura. Não fez o “Anel Viário”. Perdeu a eleição. Isso já era o ano de 1982. O MDB passou a chamar-se PMDB. Montamos um enorme esquema para ganhar a eleição. Três candidaturas. Naquele tempo não havia coligação como hoje. O manda-brasa uniu suas correntes em três duplas (Oswaldo Marquese/Elveny Sganzerla, Normélio Zílio/Antoninho Brant, Raul Furlan/ Clóvis dos Santos.) Coordenei a campanha. Ajudei o Sussu escrever a “Nossa Proposta de Ação”, um caderninho bem humilde que continha as promessas e desejos do partido para ser discutido e lido com o povo. Quando chegou no setor de obras um “gaiato” sugeriu de cara: - Bota aí: Anel Viário! Foi uma vaia geral. Ninguém queria saber do dito Anel que já nos tinha custado uma eleição e tinha derrubado o adversário Magalhães.
Estou lhes contando essa estória e os personagens em sua maioria estão por aí; não me deixem mentir sozinho. Tenho o caderninho de 1982 e dele não consta o tal de Anel Viário. No entanto, vejo aí um bando de salvadores da pátria apostando todas as fichas que o Colombo vai se sensibilizar e largar uns 50 a 100 milhões para fazer os 21 quilômetros que ligariam a SC 303 antes de chegar em Luzerna ( na Limeira), pelo espinhaço das linhas Ferreirinha e Germano, Chácara dos Maristas, antigo lixão das Duas Casas até a BR.282 mais ou menos ali pelo São Brás ou pela HISA-WEG. Minha gente, quando o Ivan Bonato foi Secretário da Fazenda do Governo Antônio Carlos, na década de setenta, já foi feito levantamento aéreo e coisa e tal e o anel não saiu do papel. Só em obra de arte, viaduto, ponte, elevado, o “cacête” já se come a dita verba. O agravante maior: será uma obra grandiosa para o trânsito de Joaçaba e Herval e um avançozinho para Luzerna. “E os demais municípios da região?” “Vão chupar o dedo?”. Pessoal, vamos descer das nuvens!
Da minha parte vou dar a última cartada para sensibilizar o RC a terminar a ampliação do Santa Terezinha. Com pouco mais de 8 milhões o governo nos ajuda a colocar mais 82 leitos a disposição da comunidade regional de mais de 640 mil pessoas que hoje abarrota os corredores do hospital. Com pouco mais de 250 mil por mês, durante trinta meses deixamos pronta e acabada uma das maiores e mais imediatas necessidades de toda a região. Vou propor, ainda, em nome da FUNOESC, bancar 20% da obra para que o governo não tenha nem a desculpa de fazer tudo sozinho. Quem quiser dar um tiro certeiro venho conosco.
Como dizia meu velho pai: é tiro dado, bugio deitado. Em trinta meses damos solução a uma das maiores angústias da população de 55 municípios. O resto é sonho. Embora, eu concorde que sonhar é preciso. Que venha, também, o anel viário!



Dr. Adgar Bittencourt, escritor e membro da ACO 

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